Páscoa: ESG na indústria do chocolate

A Xpeed já discutiu no blog o termo ESG e a relação com investimentos, mas agora, aproveitando o momento de Páscoa, resolvemos abordar a conexão da sigla com a indústria do chocolate.

Ou seja, o que falaremos aqui é sobre como a indústria do chocolate vem e está se adaptando ao que o ESG (Ambiental, Social e Governança) pede das empresas.

Primeiro, então, retomaremos o significado dessa sigla e, depois, será mostrada a ligação com a indústria do chocolate.

 

O que é ESG

ESG representa uma junção de fatores e preocupações que é usada para medir práticas de uma empresa.

E que práticas seriam essas?

Bom, como ESG se remete ao “Environmental, Social & Governance” na língua inglesa, então, traduzindo para o português, seriam ações ligadas ao lado Ambiental, Social e de Governança de uma companhia.

Ou seja, costuma dizer quanto um negócio busca e realiza, de fato, formas de:

  • (E) Minimizar seus impactos no meio ambiente;
  • (S) Construir um mundo mais justo e responsável para as pessoas à sua volta;
  • (G) Manter os melhores processos de administração.

Dessa forma, por meio desses critérios, o termo ESG tem como meta ajudar a determinar melhor o desempenho financeiro futuro das empresas.

Para saber mais sobre essa sigla, confira aqui a publicação anterior que fizemos no blog sobre ESG.

 

Os desafios ainda enfrentados pela indústria do chocolate

Apesar dessas medidas positivas, no entanto, um relatório do final de 2018 do UNICEF sugeriu que o número de crianças trabalhadoras do cacau quase não havia mudado.

Ou seja, embora haja algum progresso, a falta de mais melhorias no resultado é provavelmente atribuível a problemas com o processo de certificação sustentável.

As principais empresas de chocolate dos Estados Unidos trabalham com três organizações certificadoras: The Rainforest Alliance, UTZ e Fair Trade Certified.

Tais agências certificadoras visam melhorar a rastreabilidade da cadeia de suprimentos, cooperativas de agricultores e um grau mais alto de gestão agrícola.

Mesmo essas melhorias trazendo benefícios reais, os críticos apontam enormes lacunas, como o caso de os inspetores terceirizados geralmente serem obrigados a visitar menos de 10% das fazendas.

Além disso, essas visitas geralmente vêm com aviso prévio, isto é, o trabalho infantil pode simplesmente ser escondido até que a inspeção seja concluída.

Outra crítica é que a criação de cooperativas pode, na verdade, afetar negativamente os pequenos agricultores, já que as taxas de registro podem ser inacessíveis para muitos.

E se os fazendeiros ingressarem em cooperativas, raramente recebem o preço negociado mais alto por sua safra.

Não bastando, após a aceitação inicial em uma cooperativa certificada, as auditorias de conformidade são quase uma vez ao ano – frequência baixa para garantir que os padrões de trabalho sejam mantidos.

 

ESG ligado à indústria do cacau

De algumas décadas para cá, as novas gerações vêm se conscientizando e exigindo transparência das empresas cada vez mais.

Não é à toa que, após os primeiros relatos sobre o trabalho infantil na indústria do cacau terem sido notícia em 2001, o Congresso dos EUA criou o Protocolo Harkin-Engel.

A Harkin-Engel reuniu os membros da Associação de Fabricantes de Chocolate dos EUA – agora conhecida como Associação Nacional de Confeiteiros -, para concordar em eliminar as piores formas de trabalho infantil na Costa do Marfim até 2005.

Vale ressaltar que a maior preocupação sobre a produção de cacau se dá na África e, em espacial, na Cota do Marfim, já que, entre os 5 maiores produtores, 3 estão nesse continente.

Para se ter ideia, o Brasil, por exemplo, é só o 6º colocado, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

Voltando ao protocolo, o Harkin-Engel era voluntário e autorregulado, o que resultou no adiamento do prazo para 2008, depois para 2010 e, mais recentemente, para 2020.

Conforme o tempo foi passando, protestos e ações judiciais de consumidores, além de outras partes interessadas, levaram os principais fabricantes, como Hershey, Nestlé e Mars, a lançar seus próprios programas para lidar com o cacau sustentável e ético.

No caso da Hershey, em 2016, tinha certificado 60% de seu cacau; em 2017, publicou mapas de código aberto para diversos produtos; e, em 2018, o programa “Cocoa for Good” foi lançado com a promessa de um investimento de US$ 500 milhões em 12 anos.

Além da Hershey, há outras empresas no rumo de um melhor cumprimento com o ESG, que são os casos da Barry Callebaut e Mars, por exemplo.

Para se ter ideia, no relatório de resumo da classificação de risco da Sustainalytics, a Barry Callebaut apresenta baixo risco de sofrer impactos financeiros materiais de fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) – justamente devido à sua exposição média e forte gestão de questões materiais ESG.

A forte pontuação de gerenciamento à empresa decorre da estratégia do “Forever Chocolate 2016”, que se concentra em quatro desafios principais da cadeia de abastecimento do cacau:

  • Trabalho infantil;
  • Pobreza dos agricultores;
  • Pegada de carbono e floresta;
  • Abastecimento sustentável.

De lá em diante, Barry Callebaut publicou metas e objetivos para 2025 e divulga relatórios de progresso anuais.

Em 2018, 44% de seus grãos de cacau foram adquiridos de forma sustentável, em comparação com 36% em 2017.

E a preocupação com o ‘chocolate consciente’ não se limita à origem do cacau e produção, bem como ao próprio consumo.

Falando nisso, a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda que o consumo diário de açúcar não ultrapasse 10% das calorias ingeridas.

Isso representa uma porção de, no máximo, 50g, ou um pacotinho de 100g dos confeitos M&M’S, fabricados pela empresa estadunidense Mars.

No entanto, nem todo pacote de M&M’S possui essa gramatura – há opções de 500g, por exemplo.

Assim, os produtos que ultrapassam a quantidade de açúcar indicada pela OMS vêm com um aviso de que é para compartilhar.

Além disso, a onda de alimentação saudável no mercado de alimentos fez a Mars rever mais posicionamentos, não parando no incentivo ao compartilhamento das porções maiores.

Por exemplo, na publicidade, a empresa deixou de se comunicar com menores de 12 anos.

Os M&M’S de desenho animado continuam a protagonizar as propagandas, mas a linguagem é voltada para adultos.

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