Skin in the game: saiba por que você deveria ter a “pele em jogo” nos investimentos

Você conhece a frase “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”? Popular entre o time das mães, normalmente ela inspira medo, mas raramente segurança. Afinal, como seguir as recomendações de alguém que não as segue? É essa provocação que faz o conceito de skin in the game.

Se você já faz parte do mundo financeiro e de investimentos, provavelmente já ouviu essa expressão. Mas você sabe qual a sua origem e o que ela, de fato, significa? No artigo abaixo nós explicamos. E tem mais: também apresentamos motivos para você colocar o conceito em prática. Boa leitura!

Skin in the game: tradução

Basicamente, a tradução livre de skin in the game para o português é pele em jogo. No entanto, em seu sentido literal, ela perde o tom de expressão e diz pouco sobre seu significado. É por isso, que na língua tupiniquim, skin in the game ganhou a adaptação para arriscar a própria pele.

Agora que você entende o sentido da expressão, que tal conferir como ela é aplicada no universo de investimentos?

>>> Dica: se você acha que vale a pena arriscar a pele para ter lucro investindo, lembre-se que consistência é fundamental. Na live Consistência e Gerenciamento de Risco, o Zé Rico falou mais sobre o assunto. Veja:

Skin in the game: significado em investimentos

No mercado de investimentos, a expressão skin in the game tem o mesmo conceito que o da sua tradução. Sendo assim, ela é utilizada para indicar um comportamento que causa confiança entre os investidores.

Nós explicamos: ela atesta que o discurso de quem recomenda está alinhado com o que ele escolhe para si.

Entendendo o conceito na prática

Para que o conceito fique mais claro, vamos para a prática.

Imagine que você quer trocar seu filho de escola, mas não sabe qual pode ser a melhor opção. Sabendo que um amigo tem uma criança na mesma idade e que vocês têm pensamentos parecidos sobre educação, vai até ele para pedir recomendações. Ele diz que também estava pensando em trocar seu filho, o que te anima. Após muita conversa, ele te convence de que a escola A seria uma boa opção. Você, é claro, se anima com a ideia. Matrícula feita! Mas onde está o filho do seu amigo? Na escola B.

A situação pode parecer estranha, mas no mercado de investimentos é relativamente comum. Investidores, em especial aqueles que estão dando os primeiros passos, buscam recomendações do mercado sobre títulos para investimento. Ainda mais comum, é encontrar pessoas e empresas que oferecem listas com intenções de compra, popularmente conhecidas como call.

Assim como no exemplo da escola, a intenção com a recomendação parece boa. Mas será que ele vai fazer a matrícula ou, nesse caso, o investimento?

Embora pareçam bem-intencionadas, nem sempre as recomendações devem ser seguidas. O motivo é simples: como confiar em pessoas ou empresas que indicam, mas não investem em suas próprias recomendações?

Situação 2

Agora imagine o seguinte cenário: você encontrou, em suas pesquisas, uma opção de empresa que parece promissora. Por esse motivo, decide obter mais informações sobre ela para realizar uma compra. Pouco antes, no entanto, descobre que nenhum dos sócios ou diretores têm papéis da companhia em sua carteira. Você se sentiria seguro para avançar com a compra de um ativo?

É por isso que o conceito de skin in the game ganhou forças no mercado. A ideia é exigir que o comportamento de quem indica investimentos esteja alinhado com a sua prática.

A expressão, na verdade, serve para qualquer situação financeira em que você espera confiabilidade de quem está do outro lado. Ou seja, que a frase do início do artigo seja, na verdade, “faça o que eu digo e faça o que eu faço”.

>>> Falando em recomendações, você sabe quais as diferenças entre assessores de investimento, analistas e broker? Preparamos um texto explicando tudinho, incluindo detalhes sobre as certificações e algumas curiosidades.

O livro de Nassim Taleb

Foi Nassim Nicholas Taleb o precursor dessa expressão. O escritor, que também é estatístico e analista de riscos, lançou, em 2018, o livro Skin in the game: hidden assymmetries in daily life (Arriscando a própria pele: assimetrias ocultas no cotidiano). Na publicação, Taleb levanta questões importantes que giram em torno do desenvolvimento dos negócios. Por meio delas, busca provocar reflexões.

Em uma de suas análises, o autor comenta que grandes líderes mundiais tomam decisões que causam impacto na vida de milhares de pessoas. Esses mesmos líderes, no entanto, não colocam suas peles em risco.

Para garantir êxito e segurança, Taleb sugere, então, que as pessoas ouçam recomendações de quem está alinhado com o discurso. E, de maneira direta, provoca os leitores a não confiarem em pessoas ou empresas que não arriscam suas próprias peles.

A origem da frase “skin in the game”

Não existe um consenso sobre qual a origem dessa frase. No entanto, muitos a atribuem ao escritor Nassim Taleb.

Como já dissemos, Taleb usou a expressão em seu livro para defender a ideia de que é preciso se comprometer. Em resumo, ele fez provocações sobre a necessidade de enfrentamento de riscos e sobre a importância da confiança.

Por outro lado, há também quem relacione a expressão ao superinvestidor Warren Buffett. E o motivo é simples: além de ter uma imagem popular ao redor de todo o mundo, ele também propaga a expressão frequentemente em suas mensagens. Além do discurso, Buffet é o exemplo prático de quem, literalmente, coloca sua pele em risco.

Um dos maiores e mais ricos empresários do mundo, Buffet investe recursos próprios em suas companhias. Um exemplo é a Berkshires Hathaway, holding da qual ocupa a posição de CEO e de principal acionista.

Motivos para você ter a pele em risco nos investimentos

Que defender o skin in the game é o melhor caminho para quem quer obter relevância em seus investimentos, você já sabe. Mas que tal conferir alguns dos principais motivos pelo qual você deve colocar a expressão em prática? Separamos cinco deles:

1. Ser mais assertivo nas escolhas

Já diziam os mais experientes: nada nessa vida vem fácil. E o dinheiro certamente está nessa lista. Quando você estuda profundamente o mercado de investimentos, as chances de fazer escolhas mais inteligentes aumenta. Afinal, o lucro e o sucesso estão diretamente ligados ao comprometimento e à entrega.

2. Honrar com sua palavra

De nada adianta defender a honestidade se você mesmo não a pratica. Quando você está comprometido com seus investimentos e quando tem propriedade sobre suas ações, é capaz de honrar com suas ideias e posicionamentos. Isso o torna mais autoconfiante, e evidentemente, mais confiante para o mercado também.

3. Colher bons frutos

Quem enfrenta riscos e se compromete com eles tem portas abertas para o sucesso. Ao ter propriedade sobre seus investimentos e, principalmente, arriscar a própria pele, as chances de aumentar a rentabilidade aumentam consideravelmente.

4. Atrair mais investimentos

Se você também está sentado do outro lado da mesa, isso é, se você tem um negócio, se comprometer com ele é a melhor maneira de atrair investimentos para seu crescimento. Afinal, de nada adianta pedir para que o mercado confie na sua proposta, se nem você mesmo o faz.

5. Diversificar seus investimentos

Todos têm chances de obter êxito no mercado de investimentos. Porém, aqueles cujo perfil é arrojado o fazem com maior velocidade. Quando você arrisca a sua pele, automaticamente diversifica os seus investimentos. Essa é a melhor maneira de se expor e de obter retorno.

O segredo é estudar

Antes de se apropriar do conceito de skin in the game ou de exigir que o mercado o faça, você deve mergulhar de cabeça nesse universo. Afinal, só o conhecimento abre as portas necessárias para as escolhas corretas. Com profundo entendimento, você será capaz de identificar oportunidades de maneira mais assertiva, assim como tomar decisões mais ousadas.

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